sem entrar no mérito ideológico - povo defende governo eleito-imagem da internet |
Povo na rua impede o Golpe na Turquia - imagem da internetO Brasil e a Turquia onde a bandeira se parece com a lua cheia na Bahia |
Para ser muito sincero. Conhecia a Turquia pelos versos da musica
do Ira: “Vou dar então um passeio pelas praias da Bahia/Onde a lua se parece com
a bandeira da Turquia/É o planeta
inteiro que respira/Sinais de vida em
cada esquina/Tanta gente que se anima.
A musica é de
despedida de um amigo que surpreende deixando a vida de repente. Lembrei-me
dela porque nem mesmo sabia se na Turquia havia Democracia. Então de repente a
Turquia está sendo vitima de um Golpe. Ai eu fico meio que atônito esperando a
entrevista do José Serra do PSDB que é o Chanceler interino do Brasil para
dizer: Olha lá é golpe tem tanque nas
ruas aqui é impeachment está na constituição. Somos contra o Golpe. Nem sei
se ele falou nada, mas o fato é que aqui no Brasil foi também um golpe armado,
no sentido de armação, tem registro telefônico e tudo dizendo isso, que fala
inclusive de acordo com setores do exército para conter Movimentos Sociais. O
Fato é que a coisa aqui, diferente da Turquia, foi tranquilo e favorável.
Sem entrar no mérito se a democracia lá na Turquia é
democrática ou não. Se o governante é herói ou vilão as cenas demonstram o povo
enfrentando canhões e fazendo valer o voto, as urnas.
Por aqui gritamos, esperneamos. Ocupamos os espaços de artes,
fomos às ruas em muitas capitais, twitamos, esculachamos, gritamos nas viradas
culturais juntos aos nossos artistas e o golpe continua ai nos golpeando há
mais de 2 meses, liquidando direitos, ameaçando conquistas.
Foi hilário ver o primeiro ministro Turco dizer: “A Turquia não é um país de terceiro
mundo, as pessoas que fizeram isso vão pagar um preço alto.” Confesso
cometendo mais um sincerícidio destes que podem custar uma questão no ENEM que
nem sabia que ainda existia a expressão terceiro mundo. Lembrei também de uma
poesia engajada que escrevi nos idos dos anos 90 (quando lia Castro Alves e
achava que já havia superado o amor romântico, e que a luta contra o
neoliberalismo uniria a esquerda brasileira): Que mundo imundo/O primeiro consome/O terceiro com fome/Que mundo
imundo... Eram versos discursivos de denuncia e de
esperança no futuro. Participamos também
da organização de uma festa de Rock cujos alimentos foram doados ao programa
fome zero.
Hoje não se
fala muito em fome, hoje tem bolsa família. Mas só lembrei-me de tudo isso
porque as noticias do golpe na Turquia me fizeram refletir no quanto tudo foi
muito tranquilo e favorável por aqui. Lá os golpistas usaram tanques contra o
parlamento. Aqui usaram o Parlamento
contra a democracia. Lá usaram tanques para calar a mídia. Aqui usam a mídia
para calar o povo. Lá barraram o golpe, aqui caminhamos para o desfecho final
com uma tocha olímpica com trilha sonora de opera, que às vezes lembra uma
farsa romana, noutras uma tragédia grega.
Lembrei também,
no meio desta crônica de lamentações, de um amigo que partiu num trágico e bobo
acidente de moto. Desculpe mas não deu pra segurar.
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