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Friday, July 15, 2016

Turquia: Golpe profissional é armado de outras formas



sem entrar no mérito ideológico - povo defende governo eleito-imagem da internet
Povo na rua impede o Golpe na Turquia - imagem da internet

O Brasil e a Turquia onde a bandeira se parece com a lua cheia na Bahia  


Para ser muito sincero. Conhecia a Turquia pelos versos da musica do Ira: “Vou dar então um passeio pelas praias da Bahia/Onde a lua se parece com a bandeira da Turquia/É o planeta inteiro que respira/Sinais de vida em cada esquina/Tanta gente que se anima.
A  musica é de despedida de um amigo que surpreende deixando a vida de repente. Lembrei-me dela porque nem mesmo sabia se na Turquia havia Democracia. Então de repente a Turquia está sendo vitima de um Golpe. Ai eu fico meio que atônito esperando a entrevista do José Serra do PSDB que é o Chanceler interino do Brasil para dizer: Olha lá é golpe tem tanque nas ruas aqui é impeachment está na constituição. Somos contra o Golpe. Nem sei se ele falou nada, mas o fato é que aqui no Brasil foi também um golpe armado, no sentido de armação, tem registro telefônico e tudo dizendo isso, que fala inclusive de acordo com setores do exército para conter Movimentos Sociais. O Fato é que a coisa aqui, diferente da Turquia, foi tranquilo e favorável.
Sem entrar no mérito se a democracia lá na Turquia é democrática ou não. Se o governante é herói ou vilão as cenas demonstram o povo enfrentando canhões e fazendo valer o voto, as urnas.
Por aqui gritamos, esperneamos. Ocupamos os espaços de artes, fomos às ruas em muitas capitais, twitamos, esculachamos, gritamos nas viradas culturais juntos aos nossos artistas e o golpe continua ai nos golpeando há mais de 2 meses, liquidando direitos, ameaçando conquistas.
Foi hilário ver o primeiro ministro Turco dizer:  “A Turquia não é um país de terceiro mundo, as pessoas que fizeram isso vão pagar um preço alto.” Confesso cometendo mais um sincerícidio destes que podem custar uma questão no ENEM que nem sabia que ainda existia a expressão terceiro mundo. Lembrei também de uma poesia engajada que escrevi nos idos dos anos 90 (quando lia Castro Alves e achava que já havia superado o amor romântico, e que a luta contra o neoliberalismo uniria a esquerda brasileira): Que mundo imundo/O primeiro consome/O terceiro com fome/Que mundo imundo...   Eram versos discursivos de denuncia e de esperança no futuro.  Participamos também da organização de uma festa de Rock cujos alimentos foram doados ao programa fome zero.
Hoje não se fala muito em fome, hoje tem bolsa família. Mas só lembrei-me de tudo isso porque as noticias do golpe na Turquia me fizeram refletir no quanto tudo foi muito tranquilo e favorável por aqui. Lá os golpistas usaram tanques contra o parlamento.  Aqui usaram o Parlamento contra a democracia. Lá usaram tanques para calar a mídia. Aqui usam a mídia para calar o povo. Lá barraram o golpe, aqui caminhamos para o desfecho final com uma tocha olímpica com trilha sonora de opera, que às vezes lembra uma farsa romana, noutras uma tragédia grega.
Lembrei também, no meio desta crônica de lamentações, de um amigo que partiu num trágico e bobo acidente de moto. Desculpe mas não deu pra segurar.  



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