Acabo de ler o Romance Mosaico de Rancores de Márcia Barbieri, Editora Terracota São Paulo, 2013.
Já fazia algum tempo que eu não lia um livro com tanto prazer. Mastiguei, digeri as páginas deste romance como se percorresse um jardim de lírios misturado com ópio numa trama sagrada e profana, entre a poesia e a prosa, entre a lucidez de uma foto 3x4 e a loucura de um espelho quebrado.
Envolvi-me nos retalhos costurados formando um manto, um mosaico de muitas cores e muitas paisagens. Cores de Almodóvar, de Frida Carlo como numa canção da Adriana Calcanhoto, ou como num ateliê cheio de quadros jogados, cubistas, surrealistas perdidos entre cupins corroendo a carne viva.
Embarquei numa viagem rápida, sem volta entre placas com velhas metáforas
e novos contos poéticos, misturando as formas concretas e frias da cidade com
as paisagens naturais vivas do nosso mangue, dos nossos bichos, interface entre reinos: humano e animal numa louca vida com acontecimentos, pensamentos,
devaneios.
Entre a vida e a morte, entre um orgasmo e um coito interrompido, entre
o ciúme corrosivo e o amor selvagem, os flashes não param e mostram o cenário de
uma trama que vai sendo costurada com ciúme e poesia, manchada como uma pintura
inacabada, verdadeira e viva como fotos eróticas espalhadas num quarto vazio.“O
amor é semelhante à angústia do escritor perante o silêncio das palavras” Não é
preciso dizer mais nada. Este romance merece ser projetado, ficaria perfeito numa tela de cinema.
Janio Ribeiro
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