Total Pageviews

Tuesday, November 15, 2016

Respingos de uma res pública



     Pela janela a chuva mostra seus pingos
     eles caem lentamente mas são constantes
     pontuam um texto qualquer de uma data qualquer
     véspera de feriado
     proclamação da república
     dizem que os tempos estavam nublados
     que o rei foi embora, mas ficou a espada
     que reino se foi mas a corte ficou
     exilou-se o monarca e ficou a monarquia
     coligada com os barões do café
     com os militares vitoriosos da guerra contra o paraguai
     dizem que o erro do rei
     dentro tantos,
     um erro político inaceitável
     foi deixar uma mulher libertar os negros
     o patriarcado do café e senhores do engenho não perdoariam
     não que a monarquia fosse santa
     mas ela findou-se com gestos nobres
     enquanto a república nasceu pelo ódio dos senhores de escravo
     pela magoa dos militares e pelo oportunismo dos monarquistas.
     entre deodoros e florianos
     mas poeta, é assim mesmo, o povo é apenas um
     traço acrescentando a pintura pelos pinceis do tempo
     o protagonismo do povo é lindo nos manifestos
     e nos versos de um maiakoviski,
     a violência é a parteira da história,
     em nome dela muitas vidas foram ceifadas
     e muitos discursos proferidos
     mas a verdade é que a dialética ainda
     espera seus atores principais
     dispostos a fazer valer os princípios
     basilares de um republica - a coisa pública
     de todos e para todos
     resta a utopia
   
   
                                                     
   
   


 

No comments:

Seguidores

Blog Archive