Indaiatuba tem direito a verdade e
a memória sobre a Ditadura de 64
Este ano o golpe militar que culminou numa ditadura de 21
anos, completa 50 anos. Além de
restringir uma série de direitos democráticos, ainda protagonizou torturas e assassinatos
hediondos. Só para refrescar a memória:
O AI-5 que cassou os direitos políticos e liberdades civis foi assinado pelo
Ditador Costa e Silva, já o primeiro ditador foi Castelo Branco, ambos
homenageados com nomes de bairros em Indaiatuba.
No ano passado o Brasil avançou no sentido de resgatar a
verdade histórica, devolvendo a sociedade seu sagrado direito a memória. A
devolução, mesmo que simbólica do Congresso Nacional, à posição de presidente
da República a João Goulart, anulando o ato que tornava vaga a Presidência da
República, mostrou a disposição, mesmo que tardia, do povo brasileiro em
consolidar nossa democracia e recuperar a verdade escondida nos porões de uma
Ditadura da qual não podemos esquecer para que jamais se repita.
Vários logradouros no Brasil afora têm os seus nomes rebatizados. Uma escola na Bahia, por
exemplo, sob o nome de Costa e Silva, passará a chamar Abdias Nascimento, outra,
que homenageava o general Médici chamará Carlos Marighela. Penso que, seguindo o modelo acima, os
bairros de Indaiatuba deveriam homenagear outras pessoas ou outras referências.
Além disso, o colunista Elio Gaspari tem afirmado em artigos
e livros acerca do envolvimento do então presidente americano John Kennedy no
golpe ao Presidente João Goulart. Assim, talvez seja a boa hora de nossa Câmara
Municipal fazer uma consulta ao Pró-Memória para que seja feita uma revisão
histórica a luz do direito e da memória, revisando nomes de logradouros em
Indaiatuba, que reverenciam os mentores e praticantes do golpe de 1964.
Eu, modestamente,
sugiro que a Avenida Kennedy seja rebatizada sob o nome de João Goulart. Já os
bairros poderão homenagear o Prefeito Ivan Corrêa de Toledo, que foi cassado
pela ditadura sob acusação de comunismo em 1964 conforme documenta Ana Ligia
Scacheti: “Em 13 de junho, Castelo Branco divulgou uma lista que incluía o nome
de Ivan e determinava que ele tivesse seu mandato cassado e seus direitos
políticos por 10 dez anos.” (Ofício De Compartilhar Histórias, Ed. Fundação
Pró-Memória de Indaiatuba, 2001, Pág 80).
Esses são apenas alguns exemplos, para ressaltar que temos
uma dívida com nossa história no que diz respeito à verdade e a memória. A Fundação
Pró-Memória por certo é guardiã de muitos outros casos a serem elucidados e
passados a limpo, para que os resquícios da Ditadura Militar sejam guardados no
seu devido lugar.
Janio
Ribeiro, é poeta