A politica brasileira não cabe em qualquer poema. Não é uma Ilíada de Homero, muito menos versos de Pablo Neruda, talvez seja alguma coisa dos versos de Drummond: E agora José?
Talvez seja indagações de Castro Alves sobre a horror perante a escravidão. Talvez seja o sonho de liberdade tão bem rimado por Cecilia Meireles.
Mas, não a política brasileira não cabe em nenhum poema. Até foi versificado com beleza e lirismo no canto afinado e certeiro da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti.
São tempos estranhos para a poesia. A vida é respirada em pleno meio dia. Os jornais atualizam o noticiário e nanosegundos, as intervenções invadem as avenidas como inundações de uma manhã chuvosa. Os versos, as rimas, o lirismos lilás das flores que embelezam o verão. A resistência mostra suas armas, uma palavra, um quadro, uma crônica sem nexo, uma condenação sem prova, uma eleição sem democracia, um parlamento sem representatividade.
Páginas de Jornais voltarão a ter receitas e poemas, pelo menos está ai uma boa notícia.