Quero escrever versos que transmitam um silêncio vibrante, no coração do poema somente um aperto de amante, um sentimento sem sentido um calor palpitante, coisas de quem escreve depois sonhar sob o luar da noite. JR Assista na TV Poesia
A Copa do mundo de futebol, evento esportivo, que ocorre de 4 em 4 anos. É uma viagem pela geografia do mundo, um passeio histórico pela política, uma emoção poética, uma competição coletiva, um conjunto de torcidas, de fatores, de jogadas, de duelos épicos, revelações inusitadas, superações de heróis de um lado e carrascos dos outros.
Assim como do fundo da música brota uma nota que enquanto vibra cresce e se adelgaça até que noutra música emudece, brota do fundo do silêncio outro silêncio, aguda torre, espada, e sobe e cresce e nos suspende e enquanto sobe caem recordações, esperanças, as pequenas mentiras e as grandes, e queremos gritar e na garganta o grito se desvanece: desembocamos no silêncio onde os silêncios emudecem.
Octavio Paz, in "Liberdade sob Palavra" Tradução de Luis Pignatelli
Enquanto a bola rola o coração delira. Depois de uma vitória aos 47 do segundo tempo. Tudo é possível. Rivelino, Neto, Marcelinho; Sócrates, Casa Grande, Tupãzinho: Viola, Wladimir, Teves, Paulinho; Serão 90 minutos no Palestra E um dos italianos paulistanos Sairá campeão. Pela história serão timão.
Condenado sem prova num processo
onde empresa e empreiteiros foram inocentados pelo juízo competente, Lula o
melhor Presidente da história democrática do Brasil, líder absoluto em todas as
pesquisas de opinião para eleição de 2018, indicado a Nobel da paz pela sua
luta contra a fome e programas que de fato chegaram até a população mais pobre,
será preso em março numa operação já planejada.
Serão 350 agentes mais aviões e
aparato da policia militar, uma caçada que nem o PCC nem o CV merecem tanta
devoção. Além disso, serão umas 10 filmadoras que chagarão juntos, ou antes, da
PF para registrar a foto que o PSDB precisa para o programa eleitoral.
A Patolandia (manifestoches) já se prepara para comprar dólares no dia e
ganhar dinheiro com a euforia da bolsa de valores, enquanto 12 milhões e seiscentos
mil pessoas procuram empregos e outras tantas milhões sobrevivem trabalhando na
informalidade e em condições precárias.
A politica brasileira não cabe em qualquer poema. Não é uma Ilíada de Homero, muito menos versos de Pablo Neruda, talvez seja alguma coisa dos versos de Drummond: E agora José?
Talvez seja indagações de Castro Alves sobre a horror perante a escravidão. Talvez seja o sonho de liberdade tão bem rimado por Cecilia Meireles.
Mas, não a política brasileira não cabe em nenhum poema. Até foi versificado com beleza e lirismo no canto afinado e certeiro da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti.
São tempos estranhos para a poesia. A vida é respirada em pleno meio dia. Os jornais atualizam o noticiário e nanosegundos, as intervenções invadem as avenidas como inundações de uma manhã chuvosa. Os versos, as rimas, o lirismos lilás das flores que embelezam o verão. A resistência mostra suas armas, uma palavra, um quadro, uma crônica sem nexo, uma condenação sem prova, uma eleição sem democracia, um parlamento sem representatividade.
Páginas de Jornais voltarão a ter receitas e poemas, pelo menos está ai uma boa notícia.
Mais uma escola americana é alvo de jovens psicopatas de
direita e armado. Somente este ano já são cerca de 19 ataques.
Uma pesquisa realizada em Harvard mostra que armas em casa
não servem para defesa e sim para intimidação, para acidentes envolvendo
crianças ou resultam em mortes as tentativas de defesas.
No Brasil cresce o apoio a liberação de armas promovidos por
grupos de direita, conservadores, ligados a bancada da arma no Congresso
Nacional.
No Brasil vigora desde 2003 o Estatuto do Desarmamento
referendado pelo voto popular em 2005. Foram 63,94% dos votos contra a venda de
armas e apenas 36,06% a favor.
Somente este ano nos EUA mais de 1800 pessoas já morreram
devido a violência armada
Ao final do desfile os membros da bateria se abraçam numa euforia sem igual. Na calçada lateral um casal negros se beijam loucamente, no outro contorno da cidade um casal de lésbica se abraça numa alegria sem fim, há alguns kilômetros dali um casal de gay realiza no palco um casamento histórico.
Cenas como essas se repetem nos diversos contornos da cidade ao ritmo do samba, do axé, do funk, do rap, do rock, do MPB, do jazz, do mangue beat.
Se não é o maior é um dos maiores, se não é o mais glamoroso é um dos mais baratos, se não é banhado por mar, não faltam ondas de calor humano e muita purpurina.
Não era assim. Há 9 anos atrás as ruas de BH eram vazias diz o taxista. O carnaval aqui nasceu de repente a galera estava pe da vida com o prefeito e sem muita grana não foram para Ouro Preto nem para Diamantina , ficaram e começaram a folia com os bloquinhos e olha só hoje onde chegou.
Existem os pontos negativos, mas deixemos esses para as pessoas que não gostam de carnaval falarem.
Ano novo. Vida nova. Bobagem a vida é a mesma e o tempo é o mesmo. O calendário dá uma noção e pode até ajudar na organização, mas o ano só será novo e a vida só mudará se suas atitudes mudarem. Do contrário teremos apenas um prolongamento desta vidinha e deste tempo com suas feridas mal curadas, suas lamentações repetidas, seus desejos não compreendidos, suas vontades incertas, seus caprichos infantis, suas receitas sem remédios, seus sonhos enigmáticos, suas verdades sem reflexões, suas guerras sem batalhas, seus livros na estante, sua memória reativa, suas mágoas ofegando sua respiração, sua bagagem não feita, seu prato não digerido, sua caminhada planejada, seu salário insuficiente, sua poesia sem lirismo, seu cabelo despenteado.
Mas a vida é essa mesmo. O cotidiano devora sonhos. E o que fazer para renovar, para vivenciar um ano novo, para alcançar a serenidade e a felicidade. É preciso ressignificar a palavra alcançar, a felicidade não é um destino estático, não é um objeto, um fruto maduro a ser colhido de uma arvore gigante, a felicidade deve ser construída tijolo a tijolo no dia a dia com os desafios cotidianos das relações conflitantes que estabelecemos. As vezes com a necessidade do outro para aquecer nosso frio, outras vezes com a necessidade de distanciar do outro pois nos sentimos espetados com ouriços.
De Buda a Schopenhauer aprendemos que o desejo é a fonte dos sofrimentos. Nunca estaremos saciados, sempre desejaremos o inalcançável, o cobiçado fruto proibido que segundo a mitologia cristã nos levou a expulsão do paraíso, mas não nos eximiu do desejo idealista e materialista de casar, ter filhos, ter casa, ter carro, viajar, ser rico, ser lindo, ser belo, ser amado, ser famoso, ser importante, escrever um livro, viver um conto de fada, gozar prazeres diversos.
Se para monge a edificação nos custará uma vida inteira, compreender nossos desejos e vivencia-los diminuindo a estranheza que sentimos de nós mesmos e diante do mundo, parece ser o caminho a ser percorrido na construção do caminhar.
O ontem foi apenas um passado, o amanhã é uma mera expectativa. No hoje habita nossa oportunidade e espaço para fazer e vivenciar novos momentos renovando nossos pensamentos, mudando nossos hábitos, equilibrando a dosagem entre o sentir e o fazer, entre o sofrimento e a satisfação, entre o desejo e a realização